28 de junho de 2014

Fairy tale





Poço sem fundo, poço.


Nenhuma sombra da princesa 
ao pé da porta
(silenciosa e gentil
ao pé da porta).
Ou uma versão adormecida tua.
Não te iludas, meu bem.
Serei sempre eu mesma.

A eterna moura torta
(agulha nos cabelos
poço fundo sem fundo
poço)
quebrando cântaros
a esmo

Anne Cerqueira
junho/2014


27 de junho de 2014

Snow white

"The Queen
so fair
the mirror bright
it says her name
but thinks
Snow White"






23 de junho de 2014

E se assim não fosse, como seria?

"Nós e nossas misteriosas disposições pessoais para o erro" 
 André Gomes - Revista Bula

14 de junho de 2014

E se a gente dissesse sempre a verdade?



13 de junho de 2014

Tão eu


De várias maneiras.


11 de junho de 2014

Banzo e sapatos

Faz tempo que decidi tirar de minha vida toda ideia de tristeza. Mesmo que fosse preciso parar de ouvir meus artistas favoritos (aquele que se matou com uma faca no peito. O outro que morreu afogado no afluente do Mississípi. Tantos levados por doenças avassaladoras, outros que morreram de overdose. Sem falar nos que ainda estão por ai se arranhando com a vida). 
Prosa, poesia nem pensar.
Existir na superfície. Buscar só o riso fácil, não me engajar em luta nenhuma.
Muito light.
Muito clean.
Me entreter com os desenhos animados que acompanho com meu neto, tentando enxergar a vida como ele enxerga, ainda sem dor, sem nenhuma mácula. Tudo tão fácil de resolver na última cena. 
Eu acho a vida boa, acho sim. Na verdade, não estou reclamando.
Talvez seja a tal crise da meia idade. 
As coisas parecem tão definitivas agora e, ao mesmo tempo, penso recorrentemente que a vida me espera em algum outro lugar onde não vou chegar nunca porque perdi o bonde ("e a esperança. Volto pálido para casa")
A amiga diz: "alegria vem em frascos".
E eu penso:
- Não me interessa mais ser cínica.
Talvez apenas sapatos confortáveis.
No fim, é como pular da frigideira para o fogo: superfície não se basta. E eu ando triste porque não sei mais como sair dela.