29 de fevereiro de 2012

Ação e reação

Pai e mãe estavam separados há muito tempo quando ele finalmente tomou coragem de nos apresentar a nova esposa. Nova é maneira de falar porque quando digo muito tempo estou dizendo muito tempo mesmo.  Então os dois vieram de Alagoas para cá e foram visitando um filho de cada vez. 
Lembro da gente em uma sorveteria, tudo muito bom e civilizado. Esse encontro também abriu as portas da casa deles em Maceió. Numa das idas até lá meu pai confessou que teve medo da minha reação. Ele achou que eu iria tomar as dores de minha mãe. "Vocês sempre foram tão ligadas". Para surpresa geral, pareci afável e amistosa.
Não podia responder pelo resto da família e também não tinha interesse de magoar o velho contando  realmente o que pensava. Por isso fiquei calada e não disse a verdade:
- Não há motivo para ressentimento porque nunca quis que vocês voltassem. Nunca sofri com a separação. Sabe? Não é que seja fácil, mas está muito melhor assim.

28 de fevereiro de 2012

Sem título

Agora que sou avó, sinto muita falta do tempo em que as avós sabiam tudo.


Ou quase tudo

27 de fevereiro de 2012

In real

A louca das dores musculares baixou em mim outra vez. Mal consigo mexer o pescoço. Nenhum Oscar para Brown. Não esperei, dormi sem ver quase nada porque ia acordar cedíssimo hoje. Gwyneth e Jennifer Lopez lindíssimas. E opostas. Jean Dujardin agradeceu o prêmio de melhor ator com uma frase em francês. Achei o máximo quando vi hoje no telejornal. (Como dirão alguns de vocês: criatura provinciana essa Belas!). No mais, a vida segue como sempre. In real. E uma hora atrasada. Ou não. Nem sei mais.

Por que você tem um blog? Ah, porque adogo falar sozinha.

24 de fevereiro de 2012

Parênteses

(Minha vida é uma coisa tão espetacular de agitada que hoje é sexta-feira e eu estava crente que era segunda)

Bonsoir John-John

Primeiro estranhei a França fazer música para uma personalidade de outro país.
Depois entendi que a canção falava especificamente da morte do presidente Kennedy e dizia para o filho dele, na época com três anos: Agora que seu pai saiu em viagem e você é o homem da casa é preciso sabedoria. Não há tempo para guerra. Não chore mais, boa noite John-John.... (Pronto, coração mole totalmente derretido)
E por fim achei linda a interpretação delicadinha da France Gall.

20 de fevereiro de 2012

Yes, I weigh more than you....

Éramos um grupo de mulheres comendo pipoca e jogando conversa fora, quando uma criatura começou a se gabar de ter voltado de férias sem ganhar um grama sequer. No meio da conversa, ela emenda:
- Meu marido não gostaria que eu engordasse. Seria capaz de me largar.
Estava pensando no absurdo da afirmação e que mandaria para o espaço alguém que só me quisesse pela aparência, quando o papo se voltou para mim, claro. A gorda do grupo. A criatura perguntou se eu ainda estava de dieta, disse que não, etc e tal. Ai vem a alegação de sempre, preconceituosa, batida e sem um mínimo de imaginação:
- O importante é a gente se sentir bem, não é? Mas é preciso se preocupar com a saúde.
Enchi a mão de pipoca só para provocar (nunca disse que era madura) e fui cuidar da vida.
Nenhuma das cirurgias que fiz até hoje teve relação com meu peso.

Yes. No.

19 de fevereiro de 2012

Fatos e fotos


Afoxé Filhos de Gandhy, no carnaval de 1950, tomando o bonde no Largo dos 15 Mistérios, em Salvador. Foto de Antonio José Brandão Lima, via Facebook.

e a nova geração:


Gandhy mais lindo, vovó

Sem jeito

Escolho uma toalha de banho tinindo de linda para meu neto. Do Mickey. E o que acontece? O bebê fica cheio de fiapo azul pelo corpo. Tudo bem, perfeição é uma coisa que não existe mesmo. Sem contar que azul é cor da sorte.
Outro dia minha nora chega aqui em casa toda contente com a  fantasia do bebê para o carnaval. Pede para eu segurá-lo enquanto ela tira as fotos que irão parar no Facebook. Em um segundo arranco a gravata borboleta do palhacinho. Justamente O DETALHE da roupa toda.
Não dá mais para minimizar. É isso que você pensou: não acerto uma.

18 de fevereiro de 2012

A tal da festa

e a turba ensandecida:


Um beijo beliscão para quem me encontrar

Aninha na folia

Estava tudo como sempre no trabalho quando entra um grupo de outro setor chamando a gente para curtir o carnaval. Ali mesmo. Todo mundo fantasiado, com apitos e um trio elétrico de pilha (conhecido também como rádio). Vamos lá, é festa minha gente. Juro que ia me jogar embaixo da mesa, mas ouvi a frase mágica: vai ter lanche. Foi assim que minha sexta-feira reviveu o encanto dos antigos carnavais pelo menos por vinte minutos: eu me escondendo atrás da turba, devorando pãezinhos de queijo e guardando chocolate no bolso para o turno de hoje. 
Como tudo nesse mundo tem que ter um pouco de drama senão fica sem graça, uma queixa: Ninguém pode nem trabalhar em paz no feriadão, meodeos!

17 de fevereiro de 2012

Um segundo

Tempo suficiente para esquecer o que acabei de lembrar. Sem foco algum, meodeos. Penso em sair distribuindo post-its pela casa ou comprar um gravador para ajudar a memória, mas com certeza o perderia em algum canto. Coisa que vem de longe. Minha mãe costumava procurar objetos ou arrumar a casa no escuro. Só depois lembrava de acender a luz. A-cre-di-tem. Uma figura.
Mudando de assunto. Confete não, mas já fui em casamento com máquina de bolinha de sabão para saudar os noivos no final e foi uma loucura. A mulherada toda correndo para não estragar a chapinha. Se a moda pegar mesmo, vai ser complicado para as adeptas da calorimetria como eu. (Drama: se soubesse dessa prisão, nunca teria renegado meus cachos).
Mudando de novo. Ontem foi um dia bacana de certa forma. Canalizei sentimentos ruins para coisas boas e perdi bastante peso. Nos ombros.
Ontem também. Um colega de trabalho:
- Eita, já é carnaval outra vez.
E o outro:
- Ainda bem que a gente morre, não é? Já pensou aguentar isso pela eternidade?
Nada contra nada. Mas eu ri.

15 de fevereiro de 2012

Hoje

Tentando voltar para a dieta. Mozarela de búfala. Tomate cereja. O medo é light.
Fotos sépia

Aqueles dias em que você não consegue distinguir ansiedade de angústia.

14 de fevereiro de 2012

Amassada. Vai com roupa amassada

Muitos dias antes de qualquer evento que a gente pretenda ir, começo a querer saber de meu marido:
- Já pensou na roupa que vai usar?
Ainda argumento:
- É melhor resolver logo, talvez tenha alguma peça para mandar lavar ou passar.
E ele sempre com a mesma resposta:
- Vejo isso depois.
Mas o problema não é nem o "vejo depois". É saber que em cima da hora, quando eu estiver me arrumando, ele vai abrir o armário e perguntar na maior cara de pau:
- Amor, com que roupa eu vou?

13 de fevereiro de 2012

Máquina do tempo

- Você sumiu esses dias. Andei lhe procurando e nada.
- Ah, eu estava passeando...lá pelas décadas de oitenta, noventa:



Tinha esquecido que a voz do Boy George era tão bonita.

12 de fevereiro de 2012

Aquela que foi sem nunca ter sido

Nunca fui pedida oficialmente em casamento. Mas uma brincadeira me acompanhou a vida toda, envolvendo o primo de meu pai, Paulo Preto. Ele tinha vinte e pouco anos e eu uns três, lá em Maribondo, onde a gente morava no interior de Alagoas.
Quando qualquer pessoa perguntava:
- Você é o que de Paulo?
 Em vez de prima, eu dizia:
- Noiva.
E assim ficou.
Quando a gente veio para a Bahia e se afastou de boa parte da familia, sempre ouvia meus pais contando essa história, mas não lembrava de nada, nem sabia se Paulo dava importância ao fato. Até que um dia - eu adulta, já casada e com filhos, recebi um telefonema dele.
Disse que tinha encontrado meu pai em Maceió, onde ele também estava morando, e pediu meu telefone. Lembrava muito de mim: uma garotinha sapeca que vivia pra cima e pra baixo com um urso azul de plástico e o fazia comprar pipoca todos os dias (ah, esse meu charme sempre a serviço da gastronomia). Casou, descasou, teve filhos, netos e gostaria muito de me ver, pois eu era como uma filha também. Marcamos. No ano seguinte quando eu fosse em Alagoas visitar meu pai. Peguei telefone e endereço.
Como uma canceriana que se preze, achei o gesto dele muito bonitinho e uma chance ótima de resgatar o passado. Passar a limpo o que passou é meu nome e sobrenome. Mas não deu. Paulo morreu alguns meses depois do telefonema. Meu pai se encarregou de avisar. E assim como muita gente é até viúva de marido vivo, acho que me senti uma espécie de viúva também - meio Porcina de Roque Santeiro: aquela que foi sem nunca ter sido.

11 de fevereiro de 2012

Mabaços

Um  dia a moça que trabalhava lá em casa chegou chateadíssima da padaria, puxando meu filho e minha filha mais nova pelas mãos.
- Dona Belas, acho que a vizinha ofendeu os meninos. Ela perguntou se eles eram "mabaços". Disse que não e que ia dar queixa para a senhora. Já viu uma coisa dessas?
Eu não fazia ideia do que era mabaço e liguei para minha mãe que explicou:
- Mabaços são irmãos gêmeos. A vizinha achou os meninos muito parecidos, foi isso.
Ontem lembrei dessa história enquanto tomava conta de meu netinho (filho do meu filho). A tia chegou - sempre de cabelo preso - e o nenê se jogou nos braços dela cheio de alvoroço.
Elisa para não perder a chance de me zoar saiu com essa:
- Tá vendo como ele gosta mais de mim? Sou a parente preferida.
Foi bem nessa hora que o bebê olhou para ela e balbuciou:
- Pa-pá!

7 de fevereiro de 2012

Soberba

O homem chega e fala um monte de coisas negativas sobre si mesmo. Que é vaidoso, egoísta e outros adjetivos do gênero, mas luta diariamente para mudar e se tornar uma pessoa melhor. O jeito como ele diz isso, a forma de sorrir, possuem o efeito de colocá-lo em um patamar acima dos outros. É implicitamente a pessoa que teria uma consciência que falta aos demais. Um exemplo. Como se a gente fosse o que fosse por opção ou desleixo. Então fico pensando que poucas coisas podem parecer tanto com soberba nesse mundo do que listar os próprios defeitos.

6 de fevereiro de 2012

Destino



Salvador Dali e Walt Disney. 1946/2003
6 minutos.
Se a animação não fosse maravilhosa, a música já valeria a pena.

5 de fevereiro de 2012

Almoço de domingo

Lá vem mais uma porção de pirão de leite. Carne do sol com capa de gordura, aipim frito no ponto. Paçoquinha, farofinha. Vinagrete que é bom, nada. Até ai tudo bem. Mas basta alguém ameaçar pegar a manteiga de garrafa para um engraçadinho dizer:
- Eita que tem gente querendo se matar hoje.

Pânico?! E você nem viu o povo do Facebook

Gostaria de saber por que domingo sempre parece um dia mais quente que os outros. "Esse sol dá uma vontade de ser feliz", costumava dizer uma amiga. Não sei. Filtro de proteção fator 1030. Falando em proteção, as pessoas estão com medo de sair de casa por causa da greve dos policiais militares e a onda de violência na Bahia. Feira de Santana parou quinta-feira. Comércio, escolas, repartições. Tudo fechou bem mais cedo e a gente se escondeu em casa. Meu irmão estava na rua na hora que começou a correria. Pessoas falando em saques, tiroteios e arrastões. "Parecia filme sobre o fim do mundo. Um pânico só". Pensei: E você nem viu a agonia no facebook.
Todo mundo saiu telefonando pra avisar todo mundo. Ligo pra minha filha mais velha e peço aflita:
-Olha, não sai de casa hoje pelo-amor-de-Deus.
E ela:
- Mas mãe....eu nem moro ai. Estou há oitenta quilometros de distância!

4 de fevereiro de 2012

Tá quente lá fora?


Gente, desculpa o trocadilho, mas eu poquei de rir.

1 de fevereiro de 2012

Olha, se você gosta de mim de verdade...

nunca diga "fica a dica" na minha frente.#sérieexpressõesqueodeio.